A experimentação cinematográfica entre a ilusão e o real

Por: José J. Vieira Júnior (Jr. Misaki)

A sétima arte reúne diversas características específicas que formam uma estrutura visual complexa, composta por uma série de elementos que se articulam na criação de uma obra, tais como planos, espaço, tempo que integram uma obra cinematográfica.

De um lado, o real, de outro, a ilusão. Entrelaçando esses dois termos, encontraremos à síntese da arte cinematográfica, a ilusão do real – sentido que propicia ao espectador aquilo que o cinema tem de mais característico: a percepção do movimento. Para observar, essa alternância entre o que é sugerido como realismo e experimentação, destacamos um fragmento do filme Entr’acte (1924), de René Clair.

Clair utiliza-se da figura feminina, representado pela bailarina, para indicar a leveza, proposta pelo balé clássico, através dos movimentos coreografados, através dos meios utilizados para compor um plano, como a sua escala, ângulos de filmagem, duração e definição da imagem, entretanto, permitindo explorar os poucos recursos que eram comuns para esse tipo de produção na década de 1920, como uso do preto e branco, onde contrastava a ação da personagem, fomentando a plasticidade e o valor estético da cena.

A expressão da escola dadaísta possibilitou René Clair, ironizar essa justaposição de imagens, que na formação da montagem, ou seja, na junção e combinação dos planos entre si, articulou uma tensão entre o que seria natural e comum aos olhos do espectador, assim distorcendo esse realismo, principalmente ao ironizar a personagem, na revelação do seu rosto, revelando uma barba, quebrando todo o ritmo que o belo já tinha emitido no inicio da cena, onde acompanhava uma proposta sutil, pelos seus movimentos, todavia quando destacava o seu figurino que simulava junto aos seus passos, uma água-viva, em seu hábitat natural, no fundo do mar.

No cinema, o espaço e o tempo são elementos básicos para a construção narrativa. São eles que posicionam uma história na estrutura de um filme, onde necessariamente não se resume apenas ao que está sendo retratado na imagem da tela, que o espaço off, é tão importante quanto o espaço visto. O trecho do filme, Um homem com uma câmera (1929), de Dziga Vertov, também destaca essa alternância que foi encontrada na obra de Clair.

A montagem que foi articulada sobrepondo, diversos planos, entre o olhar perdido do homem, as ruas de um grande centro urbano, o cotidiano das pessoas partindo para as suas casas, correndo para não chegarem atrasados no trabalho ou simplesmente num passeio, se cruzam com prédios, transportes e animais, que parecem integramente correr junto ao tempo mostrado. Aqui encontramos essas duas vertentes, que trata-se tanto da rotina real da sociedade meramente capitalista, também da imagem em movimento, mostrada pelos cortes nas imagens, que faz o espectador visualizar vários espaços, na qual circulam-se voltando ao mesmo ponto em destaque, que seria o olhar humano.

Enfim, o cinema é uma arte que permite ousar entre o naturalismo realista e a produção experimental, entre dois focos que antes, no inicio da história de sétima arte, em pleno começo do século XX, muitos grupos dividiam opiniões entre mostrar somente o que era comum a uma linha romancista, separando-as das idéias exibidas pelas vanguardas modernistas.
Por: José J. Vieira Júnior (Jr. Misaki)
A sétima arte reúne diversas características específicas que formam uma estrutura visual complexa, composta por uma série de elementos que se articulam na criação de uma obra, tais como planos, espaço, tempo que integram uma obra cinematográfica.
De um lado, o real, de outro, a ilusão. Entrelaçando esses dois termos, encontraremos à síntese da arte cinematográfica, a ilusão do real – sentido que propicia ao espectador aquilo que o cinema tem de mais característico: a percepção do movimento. Para observar, essa alternância entre o que é sugerido como realismo e experimentação, destacamos um fragmento do filme Entr’acte (1924), de René Clair.
Clair utiliza-se da figura feminina, representado pela bailarina, para indicar a leveza, proposta pelo balé clássico, através dos movimentos coreografados, através dos meios utilizados para compor um plano, como a sua escala, ângulos de filmagem, duração e definição da imagem, entretanto, permitindo explorar os poucos recursos que eram comuns para esse tipo de produção na década de 1920, como uso do preto e branco, onde contrastava a ação da personagem, fomentando a plasticidade e o valor estético da cena.
A expressão da escola dadaísta possibilitou René Clair, ironizar essa justaposição de imagens, que na formação da montagem, ou seja, na junção e combinação dos planos entre si, articulou uma tensão entre o que seria natural e comum aos olhos do espectador, assim distorcendo esse realismo, principalmente ao ironizar a personagem, na revelação do seu rosto, revelando uma barba, quebrando todo o ritmo que o belo já tinha emitido no inicio da cena, onde acompanhava uma proposta sutil, pelos seus movimentos, todavia quando destacava o seu figurino que simulava junto aos seus passos, uma água-viva, em seu hábitat natural, no fundo do mar.
No cinema, o espaço e o tempo são elementos básicos para a construção narrativa. São eles que posicionam uma história na estrutura de um filme, onde necessariamente não se resume apenas ao que está sendo retratado na imagem da tela, que o espaço off, é tão importante quanto o espaço visto. O trecho do filme, Um homem com uma câmera (1929), de Dziga Vertov, também destaca essa alternância que foi encontrada na obra de Clair.
A montagem que foi articulada sobrepondo, diversos planos, entre o olhar perdido do homem, as ruas de um grande centro urbano, o cotidiano das pessoas partindo para as suas casas, correndo para não chegarem atrasados no trabalho ou simplesmente num passeio, se cruzam com prédios, transportes e animais, que parecem integramente correr junto ao tempo mostrado. Aqui encontramos essas duas vertentes, que trata-se tanto da rotina real da sociedade meramente capitalista, também da imagem em movimento, mostrada pelos cortes nas imagens, que faz o espectador visualizar vários espaços, na qual circulam-se voltando ao mesmo ponto em destaque, que seria o olhar humano.
Enfim, o cinema é uma arte que permite ousar entre o naturalismo realista e a produção experimental, entre dois focos que antes, no inicio da história de sétima arte, em pleno começo do século XX, muitos grupos dividiam opiniões entre mostrar somente o que era comum a uma linha romancista, separando-as das idéias exibidas pelas vanguardas modernistas.
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