As distintas concepções da arte no design de interiores

Por José J. Vieira Júnior (Jr. Misaki)

Refletindo o que se trata de design de interiores, observando o seu ponto de vista como modalidade artística, consideramos dois tempos que foram primordiais para a evolução e reconhecimento desse segmento, com um pensamento mais retrogrado baseado na sociedade Européia do século XIX-XX, e a fase pop art, originada na América do Norte, pós Segunda Guerra.

Após o período do que entendemos como a Revolução Industrial, meados da segunda metade do século XIX, pode-se focalizar na Europa o crescimento desse parâmetro, que servia até certo ponto, não apenas para decorar espaços, mas para denotar os status da sociedade da época, com as suas fontes inspirativas balizada em modelos estéticos, de outros tempos. A arte que começava a integrar com a atividade de produção, mostrou em várias escolas e movimentos, como Arts&Crafts, Art Nouveau, Escola de Glasgow e Bauhaus, onde diversos pensamentos artísticos surgiram, enriquecendo essa história.

Com o surgimento da escola de Bauhaus, Walter Gropius, procurava na geometria as formas de associar a pesquisa artística no design, assim como a modernização junto ao que se era proposto pela produção industrial, associando a racionalidade exposta pela criação da obra, na padronização que era gerada através do seu conceito.

Seguindo a linha da seriedade transposta nos trabalhos de Gropius, diversos designers permaneceram seguindo essa linha até a segunda metade do século XX, onde houve uma ruptura, desse pensamento, ocorrido especificamente nos Estados Unidos, permitindo os projetistas de interiores criarem um novo contexto mercadológico, visualizando outros tipos de público consumidor, sem ser unicamente a classe elitista, que era dominante nesses serviços, pela Europa. Como exemplo dessa transformação conceitual, citamos os modernistas Alessandro Mendini, Gaetano Peace e os irmãos Fernando e Humberto Campana.

As famosas poltronas de Peace, que pareciam brincar com o ar, se expandiam ao entrar em contato com esse elemento, formando-se então uma cadeira com formato não linear, com curvas e dimensões que valorizavam o objeto, sem se preocupar com que linha estética estaria seguindo. O re-designer Mendini, distorceu as obras Thonet 214 (1859) e Wassily (1928), possibilitando ao espectador enxergar a cadeira, não apenas como um objeto de decoração ou um simples acento utilitário, mas optar por uma nova leitura, designada na exploração do espaço utilizado, muito diferente do que se era exigido no final do século XIX, como na Belle Époque, onde as formas sinuosas eram ganhava destaques em seus projetos arquitetônicos e decorativos.

Os irmãos Campana, na cadeira Favela (2003), fragmentaram o objeto externando a matéria-prima que foi utilizada no interior do produto, num trabalho que remete a conscientização da relevância no processo da reciclagem, como um recurso para se fazer arte, assim como o pensamento ideológico de criticar a nobreza, mostrando com materiais sucateados, a outra realidade social, especificamente de países subdesenvolvidos, como o cotidiano das pessoas em comunidades carentes, onde a cerca de cem anos atrás, isso era quase impossível de produzir nessa arte com o intuito de propagá-la, obtendo um reconhecimento artístico, devido à competitividade e a busca pelo o luxo que retratava os consumidores da época.

A moda e as novas tecnologias de informação e comunicação são fatores preponderantes, para o avanço e a transformação de conceitos em relação a essa arte, onde gradativamente, o expectador deixa de ser um simples admirador, passando a ter mais autonomia na arguição de uma obra artística, produzida ou não para ser consumida por determinado grupo consumista.

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